Os sem abrigo são, uma presença habitual nas ruas das grandes cidades (infelizmente). Lisboa não é excepção. Para elaborar este desenho, baseei-me na memória de um pedinte que vi uma vez, há uma dezena de anos, numa das entradas da estação de metro de Entrecampos. Ele estava acompanhado por um cão, com aspecto tão miserável quanto o dele. Confesso que faço parte da grande maioria da população que todos os dias passa ao lado desta realidade, sem nada fazer para ajudar ou minorar o sofrimento de quem por qualquer motivo passou a viver na rua, sem nada de seu a não ser uns trapos como vestimenta e falta de perspectivas de uma vida digna como horizonte. Por vezes, dou uma moeda quando abordado por um pedido mais atrevido (ou mais tocante). Mas este gesto é insignificante. Uma gotita no oceano.
São humanos como todos nós e, no entanto, estão tão longe que se tornam invisíveis para as pessoas ditas normais e civilizadas.