Os acontecimentos das últimas semanas configuram um cenário que parecia residir apenas no campo da ficção: o fim da civilização, tal como a conhecemos hoje, baseada no consumismo exacerbado, devido ao colapso da economia mundial.
A crise de que se adivinham os contornos, e cujas ondas de choque ainda são imperceptíveis para a maioria de nós, leigos na matéria, poderá significar o fim do status quo vigente desde os anos 80 do século passado.
A superpotência EUA, que pôs e dispôs no xadrez mundial nas últimas décadas, perdeu o fulgor de outrora e está minada por dentro, sob o efeito de uma economia do faz de conta, altamente dependente do crédito externo.
Ao colapso da banca de investimento, motivada pela crise do segmento imobiliário de alto risco, vem agora associar-se a possibilidade do pacote de emergência aprovado pelo Congresso dos EUA, para salvar o sistema financeiro (cerca de 700 biliões de USD), e de outras potenciais medidas ulteriores terem como consequência a diminuição drástica das reservas do Tesouro norte-americano, tornando ainda mais díficil o serviço da dívida relativo ao crédito obtido junto dos bancos centrais de países como a Arábia Saudita, Alemanha e Japão. Este último facto é pouco conhecido. Assim como a declaração de um alto responsável norte-americano de que os EUA perderão a capacidade de honrar o serviço da dívida após 2009. Os bancos centrais credores tem mantido uma atitude colaborante com os EUA, no sentido de camuflar a fragilidade do Tesouro norte-americano. O problema é que estão, igualmente, a ficar sem liquidez. Já existe pouca capacidade de crédito disponível e os bancos credores estão a pressionar fortemente para serem reembolsados. Adivinha-se, por isso, um efeito dómino de colapso económico mundial, caso os EUA deixem de pagar o que devem. E isso pode perfeitamente vir a suceder.
As consequências sociais, com a concretização de tal cenário serão, obviamente, duras.
A civilização do consumo terá os seus dias contados e o seu fim será violento, à semelhança de outras civilizações que a precederam. Não tenhamos ilusões quanto a uma transição pacífica. Esperemos apenas que a vindoura seja baseada no respeito pelo próximo.
E chega de augúrios!
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