Hoje visitei o meu avô.
Tem quase 90 anos e o mundo, como nós o conhecemos, para ele já não existe. Eu, aos seus olhos, passei a ser um desconhecido. Nem uma lembrança longínqua eu sou mais.
O seu mundo é agora a cama onde dorme quase todo o dia, a mesa da loja onde se senta para as refeições, um passeio curto diário, arrastando os pés cada vez mais.
O meu avô está, sabe-o toda a família, na antecâmara da morte, numa lenta e inevitável caminhada para o seu fim.
Mas hoje, constatei que o meu avô já morreu apesar de ainda estar vivo. Ou será que fui eu que morri e julgo que estou vivo?
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