segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Memórias

O incidente de S.Miguel

Segundo me disseram, há uns tempos atrás (e talvez ainda hoje), na ilha de São Miguel, contava-se uma história aos turistas que visitam a ilha sobre um facto ocorrido durante a 2ªGM, o qual entrou para o folclore local.

Reza a “lenda” (podemos assim denominar a história) que estando o General Eisenhower em viagem para a Grã-Bretanha, nas vésperas do dia D, o seu avião iria passar pelos Açores, local estratégico para os Aliados onde, primeiro os ingleses e, depois, os norte-americanos, estabeleceram uma importante base, na zona das Lajes (onde ainda hoje existe).

O avião que transportava o general chegou ao espaço aéreo dos Açores, já era noite. Conforme estava definido com as autoridades portuguesas, teriam que ser lançados 2 foguetes de sinalização: um verde e um vermelho.

Convém referir que os Açores estavam, nesta altura, guarnecidos com um forte contingente militar, vindo do Continente. Um exercício de soberania, por assim dizer, da parte do Estado Novo.

Segundo consta, o piloto lançou apenas um foguete. Existe a hipótese de ter lançado os dois, tal como estava definido no protocolo, mas os vigias não avistaram o 2ºfoguete.

Esse facto desencadeou uma reacção imediata das defesas antiaéreas da ilha de S. Miguel, nomeadamente em Ponta Delgada. O avião, por pouco, não foi abatido, terminando abruptamente com a carreira de Eisenhower.

Mais tarde (provavelmente, na madrugada no dia seguinte), soube-se que a aeronave tinha aterrado numa ilha vizinha, que era amigável e quem eram os passageiros.

Existe um fundo de verdade nesta história, aparentemente, para turista consumir. De facto, ocorreu um incidente do género entre 1943-1945. Esse incidente foi testemunhado pelo meu avô, nessa altura integrado no contingente que guarnecia a ilha de S. Miguel, na arma anti-aérea. Ele sempre me contou este episódio como sendo dos poucos a realçar durante os 3 anos que permaneceu nos Açores (o outro foi um levantamento de rancho que, por pouco, teria implicado a transferência das unidades militares revoltadas para a ilha do Sal, em Cabo Verde). Se o avião em causa transportava ou não Eisenhower, ele nunca soube.

O que ele pensa, e isso deve ser certo, é que os ocupantes do avião devem ter apanhado um grande susto!

E, assim, aquela noite ficou na memória de todos, tendo o folclore local ficado enriquecido com mais um pormenor pitoresco.

2 comentários:

Ricardo Moreira disse...

Muito curiosa esta história que aqui nos trouxeste e que eu desconhecia por completo. Obrigado pela partilha. Só faço uma crítica ao post: uma história destas não seria digna de um dos teus desenhos?

RMarques disse...

Não tinha pensado nisso. Mas pode ser que faça uma actualização.